quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Tradicionais" ou "Retrospectiva musical de 2008, terceira parte"


De onde o Fleet Foxes surgiu? Essa foi a pergunta que muitos se fizeram no início desse ano. Hoje já se sabe que eles estão na estrada desde 2006 e chamaram a atenção de um produtor (o mesmo que trabalhou com os Shins) com alguns shows, mas quando o EP Sun Giant foi lançado em abril, deu a impressão que poderia ser algum relançamento de uma banda esquecida injustamente em algum lugar da história. Depois de ouvir as cinco músicas já seria impossível pensar assim, pois elas carregam tantas memórias (imagéticas, sonoras, sentimentais), como um vórtice no inconsciente coletivo musical, que só poderiam ter sido feitas agora. Mykonos, em dois atos e menos de cinco minutos, pode mostrar isso muito bem.



Logo em junho foi lançado o primeiro LP deles, e a principal diferença entre este e o EP de menos de dois meses atrás é que, acredite, é ainda mais emocionante. White Winter Hymnal, o que falar da satisfação que cada elemento dessa pequena música proporciona?



No empate em que eu colocaria Fleet Foxes e mais uns 3 como melhor disco do ano, também estaria outro bastante tradicional, a tradição sendo, no caso, a música country americana. Ainda dói um pouco pensar que perdi as apresentações que Bonnie "Prince" Billy fez no Brasil, primeiro porque é um artista que acompanho há alguns anos e principalmente porque ele está no seu auge. Lie Down in the Light, oitavo disco de estúdio do cantor/compositor (e casualmente ator) Will Oldham sob o nome de Bonnie "Prince" Billy, é uma coleção de canções que esbanja critério em sua composição, além de mostrar um nível de escolhas estéticas e técnica que qualquer artista com 15 anos de estrada deveria ser capaz de atingir. You Want That Picture o traz num dueto com Ashley Webber, no qual os dois dão voz a um casal que troca quase-ofensas depois de uma dolorida separação, resgatando o momento em que tomaram consciência de que a dor que um causou ao outro seria aliviada quando morressem. Mesmo que talvez seja apenas para o ouvinte, a redenção vem durante os últimos minutos do disco, felizmente.



A produção de Lie Down in the Light ficou por conta de Mark Nevers, integrante do Lambchop, outros veteranos que soam como americanos tradicionais, unindo o country alternativo ao jazz e ao blues, e que esse ano vieram com um disco tão bom quanto tudo que costumam fazer, um pouco mais inclinado ao chamber pop.



Você obviamente já percebeu que o clima hoje é bem diferente do de ontem. E seguimos nessa linha, agora com mais um dueto extraído de um disco que nasceu da simples reunião de três músicos num intervalo entre seus afazeres, e que em sua totalidade de menos de meia hora, consegue tocar profundamente diversas vezes.



Finalizemos com uma banda que surpreendeu no ano passado com o ótimo Wild Mountain Nation, e que em 2008, apesar da terrível capa, fez a alegria de quem gosta de um bom country-rock. Black River Killer poderia facilmente ter sido escrita por Bob Dylan.

Um comentário:

  1. Um show do Bonnie Prince Billy deve ser holly moment demais. Já li por aí que ele e a Joana Newson se apresentavam juntos.Deve ser lindo de morrer, né? =/

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