sábado, 23 de maio de 2009

Two Weeks



PQP! Será que ainda veremos um vídeo melhor que esse até o fim do ano? Conseguiu deixar pra trás Fever Ray e Rainbow Arabia, além dos dois do Sebastian Tellier (Roche e Kilometer). Veckatimest sai dia 26 pela Warp, comentarei em breve.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

EPs

Um novíssimo (lançado hoje, digitalmente) e outros nem tanto:


Deerhunter - Rainwater Cassette Exchange: Meu disco preferido da turma do Bradford Cox ainda é Cryptograms (2007), mas é inegável que a banda tem se tornado mais sólida desde então. Apesar de arriscarem o território folk em Game of Diamonds, as cinco músicas lançadas hoje não oferecem muitas novidades aos ouvidos acostumados, mas depois do sucesso do LP duplo do ano passado, tanta concisão em 15 minutos são mais que bem-vindos.






The Breeders - Fate to Fatal: Tudo indica que as irmãs Deal entraram numa fase bastante ativa. Os hiatos entre seus discos são notáveis, por isso comemoremos esse lançamento pouco tempo depois de Mountain Battles e da inesquecível apresentação no Planeta Terra 2008 [por falar nisso, que surpresas nosso festival mais open-minded trará na próxima edição?]. Um EP livre e despreocupado, lançado independentemente (até as capas das 1000 cópias em vinil foram impressas por elas mesmas), que começa com a tipicamente Breeders Fate to Fatal, depois tem colaboração com Mark Lanegan (The Last Time), versão inusitada de Bob Marley (Chances Are) e termina com uma das porradas musicais do ano, Pinnacle Hollow, com seus poucos versos aparecendo apenas no meio da faixa, cantados pelas gêmeas contra a base de 2 guitarras e baixo: On your road I hang around, oh, up and down your road I hang around; de matar.






Suckers - Suckers: Debut da banda do Brooklyn co-produzido por Anand Wilder (Yeasayer). Quatro músicas para cantar a plenos pulmões e levantar o astral instantaneamente. Alguns poucos ecos de Arcade Fire e Clap Your Hands Say Yeah, mas o som é animador e gera altas expectativas para próximos lançamentos.


sábado, 16 de maio de 2009

Curitiba cinco graus


Trilha sonora: Yesterday and Today, novo disco do sueco Axel Willner, também conhecido como The Field. Chega às lojas dia 19, mas claro que já está rolando por aí. Em breve falarei mais dele, enquanto isso ouçam aqui.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Walking around in our summertime clothes



Defininitivamente a melhor banda em atividade.

Fica a esperança de vê-los novamente no Brasil.

domingo, 3 de maio de 2009

"Galhos não se movem sozinhos"


Veró atropela um cachorro enquanto volta para casa. Esse é o ponto de partida da obra mais recente de Lucrecia Martel, "A Mulher sem Cabeça". A própria diretora, assustada com a reação negativa dos espectadores no Festival de Cannes do ano passado, afirmou tratar-se de seu filme mais explícito. De fato, seus sentidos talvez sejam tão óbvios que se pode traçar um paralelo entre os personagens e os espectadores que, enfurecidos, acusaram ao fim da projeção a artista de não ter chegado a lugar nenhum. É um estado de acomodação, de analfabetismo emocional e, por que não, de cegueira que não se espera de gente que se aventura em obras como essa, cuja única exigência é o comprometimento com a visão da personagem, uma maneira de enxergar que sofreu um forte solavanco e se posicionou em um lugar diferente.


Esse lugar que foi esperado e nunca chegou, porque estava ali, logo nos primeiros minutos, quando o acidente parece fundir as duas realidades distintas às quais somos apresentados antes mesmo de conhecer Veró: crianças brincando; a classe baixa ao ar livre e a classe média presa dentro de carros. Martel não joga conosco, desde a comparação óbvia entre os limites pré-estabelecidos para a juventude de acordo com o meio em que nascem, até a imagem perfeitamente nítida do cachorro atropelado deixado para trás, é um conjunto de elementos claros que geram nessa mulher que já viveu metade de sua vida uma enorme perplexidade quando são percebidos em sua totalidade. A partir do momento em que um cachorro fica indefeso diante de um carro, como também ficaria uma criança.


A perplexidade - que em muitos momentos se transforma em culpa - é o único guia do espectador, o sentimento de perceber que faz parte de um grupo que simplesmente nasce com privilégios, não os conquista e nem talvez os mereça, um grupo que é servido por outro para o qual essa relação de servidão parece ser a única alternativa e a encara sem sofrimento ou revolta, apenas como a própria natureza das coisas. Tamanha é a sofisticação de Martel como autora e de María Onetto como atriz, que conseguiram transformar essas descobertas do óbvio numa jornada psicológica minimialista que vai muito além - na forma e no conteúdo - da tradição latina de filme social.