quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Considerações sobre filmes recentes (4)


"Madeo" (Joon-ho Bong, 2009)

Do-joon tem 28 anos, é mentalmente limitado e mora com a mãe superprotetora, que consegue sobreviver e cuidar do filho prestando serviços de medicina alternativa a vizinhos e conhecidos. É um tipo de curandeira solitária que vive em razão do filho; uma personagem marginal que tem consciência do lugar que os cabe no mundo, por isso se esforça em evitar que Do-joon entre em choque com o ambiente em que vivem. Uma garota é assassinada, Do-joon é preso como principal suspeito, e então, sentindo-se desamparada pela justiça e pela sociedade, a mãe promove uma investigação independente para provar a suposta inocência do filho. Apesar do próprio Do-joon não estar tão incomodado com a prisão, ela sente a obrigação de fazer tudo para libertá-lo. O diretor Joon-ho Bong extremiza para falar de algo natural, essa ilimitada disposição materna de proteger a cria e mostrar suas qualidades ao mundo, e o momento de maior clareza nessa intenção é quando a mãe - um personagem sem nome, todas em uma -, depois de finalmente ter seu filho libertado, fica cara a cara com o novo culpado: um jovem rapaz que fugiu do hospício e parece ser tão inofensivo quanto indefeso. Ela chora, e me faz pensar que se já é difícil estar deslocado no mundo, imagine sem uma mãe.

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"Moon" (Duncan Jones, 2009)

O 2001 de Kubrick parece distante. Máquinas rebeldes já são uma idéia longínqua e os dilemas éticos da ciência hoje dizem respeito à engenharia genética e à neurociência. Em seu primeiro longa, Duncan Jones se afasta da ação e das catástrofes que marcaram boa parte das produções do gênero sci-fi nos últimos anos (até o problema da energia na Terra já está resolvido) e promove uma breve reflexão sobre algumas questões que devem ser consideradas quando se trata de progresso tecnológico. Não tem nada de odisséia, mas se muitos andam dizendo que a ficção científica do ano é Distrito 9, certamente merece ser visto.

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