sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Considerações sobre filmes recentes (3)


"Ricky" (François Ozon, 2009)

Ricky tem início com um conjunto de cenas clássicas. Somos apresentados à rotina da mãe solteira Katie e de sua filha Lisa, de sete anos; as duas encaram seus afazeres de maneiras distintas: enquanto a mãe é preguiçosa e sonhadora, a filha é preocupada e tenta ajudar no controle da situação; apesar disso, não há crise aparente, e sim um certo equilíbrio. Katie conhece Paco e os dois começam um relacionamento que se torna cada vez mais sério, até que ela engravida e tem mais um filho, o Ricky do título, que pouco depois revela-se uma criança "especial".

O mundo de Lisa entra em colapso, e tudo agora gira em torno de seu irmão. Notemos a distinção entre as duas camadas: o nascimento de Ricky toma proporções de milagre, mas a insatisfação de Lisa só cresce. A crise é causada pelo simples desejo de que tudo fique em seu devido lugar, Lisa não é infantil o bastante para ser vítima de ciúmes nem adulta o suficiente para aprender com os obstáculos, só quer de volta sua rotina. Ozon - ou o próprio Ricky, provando ser mais especial do que imaginamos - soluciona de maneira sublime esse conto, e os momentos de paz que seguem são nada menos que a razão de ser da obra.




"Paranormal Activity" (Oren Peli, 2007)

Um grande golpe comercial que também é uma afronta às grandes obras-primas do terror. Além de não ter envolvido nenhum esforço mental na sua construção, também não exige nada de quem o assiste. Não há nada para se fruir aqui, a não ser que você queira refletir sobre como funciona o mercado cinematográfico hoje.

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