segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Considerações sobre filmes recentes


"Inglourious Basterds" (Quentin Tarantino, 2009)

O primeiro capítulo de Bastardos Inglórios já marca uma revisão de conceitos (fórmulas?) da parte de Tarantino. Pela primeira vez podemos sentir emoções com um certo grau de profundidade, o que nos leva a pensar, de início, em amadurecimento. De fato, aqui há uma maior preocupação com a reflexividade, com os personagens e seus valores, e não apenas na construção de uma narrativa que dê conta das inúmeras referências que o autor queira incluir. Finalmente vemos personagens maiores que o próprio filme, e é devido a isso que suas ações atingem dimensões que - na fábula - podem redimir o cinema de anos de submissão a infâmias e caprichos vindos das organizações, da sociedade e dos próprios autores. Impossível não lembrar do garoto Florya, de Vá e Veja, atirando contra o retrato de Hitler e não sentir que finalmente a justiça foi feita. É literalmente a vingança do rosto gigante.




"District 9" (Neill Blomkamp, 2009)

Faz tempo que o cordeiro também aprendeu a vestir a pele do lobo. Distrito 9 não é nada além da evolução do filme-social-pega-gringo: que tal um elemento universal, algo que faça as pessoas refletirem sobre sua condição como seres humanos? Se há um comentário social ou algo a se aprender com filmes como esse, é que preferimos, lógico, um choque de valores confortável, que faça sentido e nos possibilite o retorno à "realidade" mais rapidamente. Iñárritu é prova viva. Sendo otimista, só resta a esperança de que em alguns anos esse se torne um dos principais exemplares do cinema trash da nossa época.



Em breve: Ricky, de François Ozon, e Anticristo, de Lars von Trier.

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